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A escola é uma instituição de referência e um dos principais pontos de apoio para os estudantes e suas famílias. Desse modo, no tocante aos efeitos provocados pela pandemia, a escola desempenha um papel fundamental na saúde mental da comunidade escolar.
No cenário de transição do ensino presencial para a educação à distância ou híbrida, os professores precisam enfrentar novos desafios; os alunos têm que se adaptar às novas metodologias; e os pais necessitam alinhar a rotina de trabalho ao novo formato de ensino dos filhos.
Como resultado, é normal que sentimentos como medo, insegurança, tristeza e solidão ganhem espaço na vida dos integrantes da comunidade escolar.
Nesse contexto, a instituição precisa desenvolver ações e implementar estratégias que contribuam para o bem-estar emocional dos alunos, de seus responsáveis e dos docentes.
Assim, para contribuir com o processo de criação e implementação de ações voltadas para a saúde mental da comunidade escolar, produzimos esse artigo que introduz o assunto e traz dicas de como ajudar cada integrante desse grupo.
Continue a leitura para saber mais sobre como contribuir para a saúde mental da comunidade escolar!
Qual o papel da escola na saúde mental dos alunos, pais e professores durante a pandemia?
A escola, antes de mais nada, é um dos principais ambientes de interação de crianças e adolescentes. É no âmbito estudantil que as primeiras amizades são construídas.
Desse modo, a instituição de ensino é o espaço onde os estudantes aprendem a socializar e a desenvolver suas habilidades socioemocionais.
Além disso, é cientificamente comprovado que a interação é fundamental no processo de aprendizagem. Assim como, o convívio com os colegas é essencial para a manutenção da saúde emocional dos jovens.
Todavia, a pandemia limitou a interação entre esses jovens, o que provocou o surgimento de sentimentos como solidão, ansiedade, frustração e tristeza.
Os docentes, também, tendem a desenvolver problemas emocionais ligados a mudança repentina e a falta de preparo para ministrar os conteúdos de forma remota.
Fora da sala de aula, os professores não têm mais o suporte da estrutura física da escola, perdem o termômetro da interação com os alunos e ainda precisam manter a qualidade do ensino enquanto buscam mecanismos para prender a atenção dos jovens.
A pandemia causou, ainda, danos a outros integrantes da comunidade escolar – os pais.
No Brasil, as aulas da educação básica aconteciam, apenas, de forma presencial. A modalidade, além de garantir um ambiente de socialização para os jovens, era benéfica, também, para os pais.
Assim, com o fechamento das escolas, muitas famílias ficaram desesperadas com a ideia de não ter mais o apoio da estrutura física da instituição de ensino. O que desencadeou crises de ansiedade em mães e pais que cogitaram deixar os empregos para poder cuidar dos filhos.
Dessa forma, fica evidente a importância da instituição no cotidiano e na saúde mental da comunidade escolar.
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Como a pandemia afeta os alunos de forma individual?
O sentimento de solidão
As limitações impostas pelo distanciamento social despertam o sentimento de solidão nas crianças e adolescentes, o que prejudica o desenvolvimento cognitivo e socioemocional.
O convívio com os colegas e a rotina com os familiares é importante para a manutenção do bem-estar dos estudantes e quando esses momentos de socialização são reduzidos, os jovens podem desenvolver problemas emocionais.
De acordo com Lee Fu I, psiquiatra responsável por coordenar o Ambulatório de Transtornos do Humor na Infância e Adolescência do Hospital das Clínicas, “crianças acabaram desenvolvendo problemas na pandemia. Outras, que possuíam questões escondidas, estão se revelando. E há aquelas que já enfrentavam dificuldades e pioraram”.
Preocupações com o rendimento escolar
Independente da faixa etária, todos os alunos desenvolveram preocupações relacionadas ao processo de aprendizagem.
As crianças, que ainda estão na educação infantil, sofrem pela falta de socialização com crianças da mesma idade.
Já os alunos, que estão matriculados em turmas do ensino fundamental, se sentem prejudicados pela falta de convívio com colegas e professores.
Enquanto os adolescentes, que estão no ensino médio, sofrem com a ansiedade para concluir o ciclo escolar, a pressão para manter bons resultados e ingressar na faculdade.
Traumas e perdas
Outro problema que vem afetando os jovens são os traumas, que podem ser provocados pela perda de parentes e amigos acometidos pela Covid-19 ou por problemas familiares resultantes da pandemia, como a perda de renda dos pais e o aumento da violência doméstica.
Todavia a escola deve desenvolver mecanismos que contribuam para o bem-estar dos alunos, mesmo com as aulas nas modalidades remota ou semipresencial.
Para ajudar nesse processo, trouxemos aqui algumas dicas de atividades que podem ser trabalhadas pelos professores e coordenadores:
- ofereça acolhimento e cuidado emocional disponibilizando canais de comunicação e atendimento psicológico para os alunos que demonstram estar com a saúde emocional mais fragilizada;
- promova rodas de conversa online para que os alunos se reúnam e compartilhem suas experiências durante a pandemia;
- oriente os professores para que eles se mantenham atentos aos sinais de ansiedade e depressão nos estudantes;
- desenvolva atividades extracurriculares em grupo como aulas de música, equipes de pesquisa e comunidades de jogos e leitura. Nessa estratégia é sempre bom unir alunos que tenham gostos em comum para para facilitar a interação;
- identifique os alunos que apresentam dificuldades com a nova metodologia e desenvolva atividades que possam ajudá-los a acompanhar os colegas.
Quais são as dificuldades dos professores na pandemia e como elas afetam a comunidade escolar?
Para que os alunos não ficassem sem aula por muito tempo, os professores e gestores tiveram que adaptar o planejamento das aulas, adotando ferramentas e novas metodologias de ensino que viabilizassem as aulas online.
Entretanto, muitos docentes não tinham experiência com o ensino remoto e a transição repentina ocasionou no acréscimo de trabalho.
O aumento das atividades está ligado à falta de capacitação dos professores que, em muitos casos, tiveram que improvisar suas aulas.
Contudo, outro fator que contribuiu para o aumento do trabalho dos professores foi o mau gerenciamento do tempo, o que levou os profissionais a fazerem jornadas de trabalho maiores do que o necessário.
Desse modo, os professores começaram a ficar mais sobrecarregados, o que resultou na queda do rendimento e desencadeou frustrações, autocobranças e sentimentos de impotência.
Pois, além de sofrerem com a adaptação e os sentimentos negativos, os docentes ainda tiveram que lidar com as demandas dos pais e responsáveis.
Assim, para desenvolver práticas que contribuam para a saúde mental da comunidade escolar, temos mais algumas dicas:
- dê suporte e treinamento os profissionais;
- ofereça apoio e atendimento psicológico para os docentes;
- realize reuniões e rodas de conversa para acolhimento e escuta dos professores;
- disponibilize ferramentas que contribuam para o planejamento e execução das aulas;
- produza um guia com dicas para ajudar os profissionais a organizarem os horários, atividades e o ambiente de aula;
- determine horários para o atendimento dos pais e responsáveis que desejam falar com os docentes;
- disponibilize um ambiente ou canal de comunicação digital para que os professores desenvolvam um grupo de apoio.
Como incluir a família nas atividades que promovem a saúde mental da comunidade escolar?
Conciliar o trabalho, as demandas da casa e a das crianças sobrecarregam os pais que podem desenvolver quadros de estresse e ansiedade.
Assim, é fundamental que a escola inclua a família nas atividades de manutenção da saúde mental e ofereçam apoio para o acompanhamento dos alunos no ensino remoto.
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Por fim, para contribuir com as atividades desse pilar da comunidade escolar, temos mais algumas dicas. Confira:
- promova reuniões em horários flexíveis a fim de manter os pais informados sobre as práticas que estão acontecendo em sala de aula;
- fale sobre a metodologia que está sendo empregada no ensino remoto e mostre dados e pesquisas sobre a eficácia das estratégias para tranquilizar os pais;
- facilite a negociação de dívidas que podem surgir com a crise econômica provocada pela pandemia;
- crie grupos de conversas para que os pais possam interagir entre si, compartilhando experiências e dicas para atravessar o momento com mais tranquilidade.
Em síntese, é fundamental cuidar da saúde mental de toda a comunidade escolar. Garantindo que cada pilar seja atendido e apoiado, facilitando, assim, a construção de um ambiente de aprendizagem saudável.
Pensando nisso, produzimos esse artigo, trazendo dicas práticas que podem ser trabalhadas no dia a dia das instituições para assegurar o bem estar de todos.
Se gostou do conteúdo e quer saber como melhorar os resultados da sua escola, o que acha de falar conosco?